NOTA DE APOIO À ADMIR-IGO
NOTA DE APOIO À ADMIR-IGO
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Mário de Méroe
Oportuna e digna de encômios a nota postada pela American Diplomatic Mission of International Relations, ADMIR-IGO, no dia 26 do corrente mês, eximindo-se de toda e qualquer responsabilidade a respeito de títulos de nobreza e outras excentricidades, postados em sua página por alguns membros de seu quadro, declarando formalmente que não os reconhece e que tais documentos são estranhos às finalidades e ao acervo documental da entidade.
Com razão, a ilustre autoridade que tomou essa iniciativa. É inadmissível que uma pessoa que foi honrada com a admissão aos quadros da ADMIR-IGO, ostente em rede aberta ao público, títulos, documentos/mensagens ou condutas que atentem contra a dignidade e a boa fama da instituição.
O Brasil é uma república que consagra as liberdades individuais e respeita as lembranças de seu período imperial, mas não atribui nenhum privilégio às honrarias nobiliárias, mesmo às autênticas. De outra parte, seus habitantes, têm o DEVER de respeitar suas Leis e Sua cultura.
De fato, o Brasil, já foi duramente desonrado pela corrupção pandêmica que grassou em sua máquina governamental, e enfrenta, desde algum tempo, outra mazela: a nobiliomania (neologismo pessoal que designa a compulsão que leva um indivíduo a "colecionar" títulos e condecorações, independentemente de seu valor moral ou histórico). É uma clara conspurcação do tradicional "avis rara, avis cara", da verdadeira nobreza. Esse fenômeno mórbido, tornado público pela divulgação, tende a desfigurar a contextura social da população.
Comenta-se, ironicamente, essa avidez doentia por honras nobiliárias de toda espécie, que infectou o Brasil. Outrora prerrogativa de titulares de comprovada soberania dinástica, essas honrarias hoje são distribuídas (mercadejadas?) sem escrúpulos, uma bizarria suprema em um país de orientação republicana.
Geralmente, o recebimento dessas "honrarias", é noticiado com estardalhaço circense, tornando pública a incompreensão e inadaptação à sociedade em seus moldes atuais, por parte do "agraciado".
Dessa forma, pelo alcance das redes sociais, o Brasil tornou-se alvo de chacotas, o que causa constrangimento aos portadores de títulos autênticos e sucessões históricas, que há no Brasil.
Um aspecto indesejável da nobiliomania, é o de fomentar uma discriminação odiosa. Uma pessoa assim contaminada, passa a considerar que um "agraciado" é pessoa de "outro nível", enquanto um cidadão comum é "apenas" um cidadão, e essa inversão de valores por aí vai, maculando a igualdade constitucionalmente declarada, banalizando a verdadeira honra e desprezando um valor inestimável: a nobreza de alma!
Outro aspecto é claramente doentio: uma pessoa "agraciada" com um título de nobreza (muitos sem ter a menor noção do que se trata), passa imediatamente a almejar outro "maior". Exemplo: um título de barão, leva-a, irresponsavelmente, a desejar o de conde, marquês, duque - e isso é comum no ser humano - passa a questionar: por que eu sou "apenas" barão, se fulano "já é" duque? E assim prossegue e se desenvolve o raciocínio doentio. Não faltam, ainda, aduladores, falsos amigos, que comentam: você merece, logo será príncipe (rei, imperador, sumo pontífice, deus, etc), e não se vexam de saudá-la: parabéns, alteza, majestade, etc. Puro delírio tupiniquim!
Por essa razão, as redes sociais, em princípio destinadas a compartilhar informações úteis, sociais, e ampliar o leque de relacionamentos, tornaram-se um mórbido e ridículo mostruário de vaidades.
Em respeito às liberdades individuais garantidas pela Constituição Federal, não se pode proibir uma pessoa de receber e ostentar um título ou uma excentricidade nobiliária, mesmo que o faça de maneira irresponsável e estouvada. É ridículo, mas não ilegal. Em consequência, para nossa vergonha, verifica-se, nas redes sociais, além de trajes e tratamentos inadequados, o uso excessivo e atabalhoado de condecorações, sem nenhum respeito com as regras cerimoniais.
Há notícias que alguns parlamentares, ridicularizados no exterior, estariam instrumentalizando uma maneira legislativa de coibir esses abusos, que enxovalham o nome do Brasil nas relações internacionais. Mas essa notícia não foi ainda confirmada.
Por outro lado, um controle por parte de entidades particulares seria de difícil execução: há milhares de nobiliopatas declarados, o que, para separar o verdadeiro do inútil, demandaria apurados estudos, pesquisas documentais, muito tempo e dinheiro aplicados em trabalhos cujos resultados não apresentariam nenhuma utilidade prática, pois o Brasil é uma república, e não atribui nenhum privilégio às honrarias nobiliárias, mesmo às autênticas.
O mesmo se aplica a centenas de inverossímeis "casas reais, imperiais, de direito divino, etc, etc", que pululam despudoradamente em nosso noticiário.
Assim sendo, e abstendo-me de formular juízos de valor sobre casos específicos, afigura-se como sugestão aceitável, frente às já citadas liberdades individuais, apelar para a DIGNIDADE PESSOAL de cada nobiliômano, e recomentar SOBRIEDADE no que se refere ao uso de títulos e condecorações, somente exibindo-os, se assim o desejarem, na privacidade de seus lares e amigos íntimos, onde, talvez, sejam apreciados (ao menos, em sua presença!), e pouparia o infeliz Brasil da humilhante chacota que lhe foi imposta.
God protect and bless you all
Fraternalmente,
Mário de Méroe